Reinaldo,
Parabenizo-o por manter a sensatez neste blog. Com certeza, esse é o maior motivo por ter alcançado o recorde de acessos.Tenho ficado quietinha nos últimos dias, só observando a balbúrdia que tem se instalado no Brasil. Tenho ficado no meu canto, só observando, porque não acredito nesse movimento “fake democrático”. Aqui, debaixo da aba do meu chapéu, passa o pensamento macabro de que isso tudo não passa de manipulação das massas.
Como você, não cedo ao sensacionalismo e aos exageros que têm se alastrado na imprensa nacional. Há pouco, fiquei de queixo caído ao ouvir a âncora de um telejornal, em rede nacional, referir-se aos acontecimentos de ontem como “17 de junho, o dia que entrou na história da democracia no Brasil”. Tenho ficado escandalizada ao ver a imprensa se deixar usar para divulgar a agenda da “esquerda mais a esquerda”.
Não digo que os argumentos utilizados por esses movimentos não sejam justos. Pelo contrário: reconheço que o valor das passagens dos transportes urbanos é caro sim. Principalmente porque não oferecem a qualidade devida a seus usuários, também porque empresários do setor, governantes e legisladores não oferecem solução para a mobilidade urbana. Sou contra o descomunal investimento público em obras para a Copa das Confederações, para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas em detrimento da saúde pública, da segurança e da educação.
Fico a me perguntar por que esses ativistas que têm saído às ruas nesses últimos dias não manifestaram nas urnas sua decepção com as questões reclamadas, haja vista serem questões que montam a épocas anteriores ao último pleito. Por que tem que acontecer essa manifestação de explosão emocional em um período em que os olhos do mundo, através da imprensa internacional, estão voltados para o Brasil por causa de um evento esportivo?
Quando olho para a história, vejo essa manifestação se espelhando na Revolução Russa, que culminou em uma ditadura. Vejo também esse grupo querendo repetir Paris de 1968 em São Paulo de 2013 (ou Rio, ou Belo Horizonte, ou Curitiba, ou Goiânia...). Parece coisa de “intectualóides”de esquerda semeadas em cabeças de jovens estudantes filhos de uma geração que foi treinada para não discutir política, não expor a própria opinião se esta for contrária a quem está no poder, filhos da omissão. Resultado: cabeças prontas a receberem qualquer semente, que não sabem diferenciar o joio do trigo.
Não concordo com o que está acontecendo. Vejo um “descompromisso” com o Brasil. Apesar de preservarem a bandeira nacional em ato no qual depredaram as bandeiras do Estado de São Paulo e da cidade de São Paulo, não demonstram entender o que está escrito em nosso pavilhão: Ordem e Progresso. Estamos testemunhando a ação de grupos que não respeitam a Constituição, o Estado Democrático de Direito, as instituições legalmente constituídas e a cidadania. Testemunhamos ao vivo, pelos noticiários televisivos e pelas redes sociais somente desordem e retrocesso.
Como você bem expressou em postsanteriores, eu também não reconheço nessas manifestações nenhuma representatividade de democracia ou de liberdade de expressão. Pelo contrário. Tenho a sensação de que há um sotaque demagógico em todo esse discurso arrogante que tem se gritado nas ruas das capitais brasileiras.
Preocupa-me o que não tem sido noticiado, do que querem desviar nossa atenção. Preocupa-me, também, a repercussão disso tudo nas urnas do ano que vem.
©2013
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